CAVALOS
MANGALARGA MARCHADOR
Carlos Roberto Ribeiro Meirelles, conhecido como Beto Meirelles, é descendente dos fundadores da Fazenda Angahy (um dos pilares da raça Mangalarga Marchador).

Seu pai, Antônio Josino Meirelles, é filho do Comendador Adeodato dos Reis Meirelles e sua mãe, filha de Antenor Ribeiro dos Reis (Fazenda Bela Vista). Ambos avós são sócios-fundadores da Associação do Mangalarga Mineiro em 1950, que posteriormente deu origem à ABCCMM (Associação dos Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador).

Seu avô, Adeodato foi um homem extraordinário, criado na senha do bem e da virtude, foi quem produziu o cavalo chamado "Angahy", castanho, campeão da raça em Belo Horizonte/MG em 1950, registro "número 1" da raça Mangalarga Marchador, filho do célebre do raçador Angahy Mineiro.

Seus pais migram-se de Cruzília/MG para uma fazenda adquirida em 1944 chamada Fazenda Boa Esperança, localizada na nova fronteira agrícola da época, região da Alta Mogiana (norte do Estado de São Paulo).

Antônio Josino, seu pai, trouxe algumas cabeças de gado, cinco éguas dentre as quais Uruguaiana e Gaúcha, e um potro tordilho de um ano de idade chamado "Ouro Preto" (vide o artigo do criador "O Reprodutor que escapou do Canivete").

Mais tarde, este soberbo animal, foi vendido para a Fazenda Engenho de Serra em São Vicente de Minas por 5 contos de réis. Lá se revelou ótimo reprodutor despertando o interesse do Sr. Dié da Herdade, vindo a adquiri-lo e registrá-lo. "Ouro Preto" foi pai de Herdade Jupiá e Herdade Música, grandes animais da época.

Com Uruguaiana, o Angahy Mineiro antes de morrer na Fazenda Boa Esperança, deixou duas estupendas éguas: Vaidosa e Predileta.

Vaidosa era uma das éguas preferidas de Antônio Josino sendo marchadeira por excelência, bonita e bem caracterizada. Com Angahy Presente gerou a "Cruzília", esta gerou "Campeão" pai de "Junqueira Espoleta", modelo de marcha no Simpósio Nacional de Marcha em São Paulo, realizado no Parque da Água Funda em novembro de 1996. Por sua vez, "Vaidosa" com "Robalo" gerou "Estrela" mãe de "Junqueira Espoleta", mãe de “Espadilha”, “Espora” e “Esperança”, e avó de Greco do Yuri e tantos outros.

Predileta, foi vendida para o Sr. Abílio Pereira Leite (Lorena, SP), era maninha e não deixava cria. Porém, o Sr. Abílio a vendeu para a Fazenda Cantagalo em Pedra Azul (MG) e era tão boa, que acabou sendo Campeã Nacional em Belo Horizonte, 1960.

Além do café, soja, gado de corte e leite, deram continuidade à criação Angahy sob uma ramificação com nome "Meirelles".

Beto desde pequeno acompanhou de perto a criação de seu pai, fez até especialização na Universidade de São Paulo em zootecnia. Tudo pelo gosto à arte de criar Marchadores.

"Raça é Raça: O animal precisa ter Raça". São palavras de seu querido avô Adeodato que lhe presenteou com um potro quando tinha 11 anos de idade. Este animal recebeu o nome de Angahy Presente e anos depois se tornou o primeiro reprodutor e pai das matrizes-base da Selva Morena. Angahy Presente é filho de Traituba Sátyro com Angahy Rainha (filha de Angahy Mineiro) e é pai de "Cruzília", "Gauchinha", "Jóia", "Ana Bela" e tantas outras.

O Coronel Christiano, pai de Adeodato, foi exímio cavaleiro e grande selecionador do Mangalarga Marchador. A ele deve-se a marca "C" da Angahy e a vinda do extraordinário "Caxias" da Fazenda Luziânia (Leopoldina/MG) para a Fazenda Angahy. "Caxias" foi campeão na Exposição de Belo Horizonte em 1908, tendo voltado em 1918 e mesmo com idade avançada parecia um potro, excelente marchador e ótimo reprodutor. Sobre o "Caxias" Cel. Christiano se referia que mesmo dentro da cocheira, sua orelhas estavam sempre alertas, em movimento de troca.

Mesmo tendo fundando o Criatório Selva Morena, depois do falecimento de seu pai Beto foi responsável pelo criatório “Meirelles” até 1991 e “Junqueira” até 1994, quando seu irmão Antônio Josino Ribeiro Meirelles e seu filho Humberto Teixeira Meirelles assumiram respectivamente os criatórios.

Segundo Beto Meirelles, dois cavalos marcaram sua montaria: o "Angahy Presente" e o "Duque JB". A maioria de seus animais descendem do velho "Caxias", via "Angahy Rainha" mãe do excelente "Angahy Presente". Foi baseado nestas duas linhagens que são "pilares" da raça foi desenvolvido os animais "Selva Morena", cujo objetivo maior é obter animais bons de marcha e bons de sela.

O criatório Selva Morena usou Carvão LJ por 9 anos, animal este que ia a leilão e Beto o encontrou antes de ir à venda. Comprou este cavalo jovem e o iniciou na reprodução, após alguns anos este garanhão é tido como reprodutor do ano e por anos foi umas das genéticas mais procuradas da raça.

Na Selva Morena o Carvão deixou várias matrizes, entre elas: Juventude, Faia, Meia Noite, Supimpa, Sincera, Framboesa, Laguárdia, Ladainha, Rainha, Atemóia, Cherimóia, Cacheada...

Beto tem uma característica muito interessante no que se refere à seleção. Geralmente após três anos de reprodução ele vende os animais, seja ele reprodutor ou matriz, mesmo que os mesmos tenham se revelado grandes pais. Segundo ele, os descendentes precisam ser superiores que seus antecedentes caso contrário sua seleção está sendo mal feita. Desta forma, passa ser muito criterioso e exigente nos cruzamentos.

Durante vários anos Beto também foi árbitro de Marcha e Morfologia da ABCCMM. Conquistou neste período muita admiração pelos criadores do Brasil.

Em meados da década de 90, optou por deixar este cargo para se dedicar apenas à criação Selva Morena. Apesar de muitos acharem que a ABCCMM estava perdendo um experiente juiz com profundo conhecimento da raça, Beto achou que aquele era o momento para a Associação começar a formar um quadro de árbitros profissional. No curto prazo houve um reflexo negativo com problemas técnicos e alto custo para raça devido ao menor nível dos profissionais iniciantes, mas que após alguns anos foi superado.

Este texto representa o criador Beto Meirelles, um apaixonado e entusiasta pelo cavalo Mangalarga Marchador.

Beto Meirelles (Faz. Selva Morena/SP 2005)
Beto Meirelles (Faz. Selva Morena/SP 2005)
Antonio Josino, pai de Beto com vacas holandesas - 1965
Angahy Mineiro e Mozart (Faz. Angahy/MG 1939)
Herdade Ouro Preto (Faz. Boa Esperança/MG 1955)
Predileta de Meirelles (Faz. Boa Esperança/SP 1960)
Junqueira Espoleta (Faz. Selva Morena/SP 2000)
Sátiro, pai de Angahy Presente (Faz. Angahy/MG 1956)
Angahy Presente (Faz. Boa Esperança/SP 1964)
Gauchinha, Estrela e Cruzília (Faz. Boa Esperança, 1977)
Caxias (Belo Horizonte/MG 1908)
Duque JB (1975)
Carvão LJ (Faz. Selva Morena/SP 1993)
Beto com alguns animais (2008)
Beto com Comarca da Selva Morena (2008)
Beto com seus filhos Humberto e Mônica, durante a apresentação dos animais na Festa do Leite (1982).
Beto com irmãos e filhos, no recebimento das premiações da Festa do Leite (1982).
O pai de Beto, Antônio Josino, sua mãe Elza, e seus irmãos durante a Festa do Leite (1982).

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