INFLUÊNCIA FAMILIAR

 

O Mangalarga Marchador corre em minhas veias desde criança. Meu pai, Antônio Josino Meirelles, meus avós paterno e materno, Adeodato do Reis Meirelles e Antenor Ribeiro dos Reis, criavam o Mangalarga Mineiro. Sendo todos fundadores da Associação do Mangalarga Mineiro em 1950 (posteriormente ABCCMM).
 

Pelo lado paterno, meu bisavô Christiano dos Reis Meirelles, além de exímio cavaleiro, foi homem de uma sensibilidade fora do comum no que diz respeito ao Mangalarga Marchador. Criou a linhagem pilar Angahy, marca “C”, com muita pertinência e dedicação. Teve a feliz visão de adquirir o célebre “Caxias I”, considerado por muitos “o cerne da raça”. Foi ótimo reprodutor e deixou excelente descendência.

 

Pelo lado materno, três bisavós, João, Turrico e Maria eram bisnetos do Gabriel Francisco Junqueira de Andrade, conhecido como “Barão de Alfenas”, criador da raça Mangalarga Marchador.

 

APRENDIZADO PRÁTICO

 

Como dizem os caipiras: “nasci debaixo do peito da vaca e em cima do lombo do Marchador”. Fui criado no meio da raça, visitando fazendas de tios e parentes com meu pai, um mestre na criação. Inclusive, ele foi um dos primeiros árbitros do Marchador, tendo julgado a Exposição de Lavras, em 1943, entre outras.

 

Duas épocas marcaram também meu aprendizado. A primeira durante a faculdade em Piracicaba, (ESALQ/USP), onde me especializei em Zootecnia. A segunda, quando participei da ABCCMM como árbitro por sete anos, me afastando para dedicar ao meu criatório.

 

Dois pontos são relevantes no aprendizado e criação: a humildade e não prejulgar os animais. A melhor forma para se ter uma boa formação e conhecimento, é viver o Marchador através de estudos, visitas, exposições, e montar sempre.

 

OBJETIVO DO CRIATÓRIO

 

Meu objetivo é criar animais Marchadores eficientes, cômodos e dóceis, aliando-se o bom temperamento de sela e a boa caracterização racial.

 

SELEÇÃO E CRUZAMENTOS

 

Minha base da criação foram éguas Angahy, filhas de Angahy Presente, reprodutor que ganhei ainda potro de meu avô Adeodato, quando tinha apenas 11 anos. Angahy Presente era neto do Campeão da Raça, Traituba Rádio, julgado pelo meu pai em Lavras (1943).

 

Como opção de cruzamento a esta base, tive a inspiração de usar as éguas com reprodutores da linhagem JB, como o Duque JB. Linhagem esta que sempre admirei quando fazia visitas à Fazenda Campo Lindo, vizinha da Fazenda Angahy, de meu avô.

 

Procurando aliar a boa caracterização racial, temperamento de sela e o andamento marchador do Angahy com a estrutura morfológica e andamento progressivo do JB: foi assim que tudo começou. Alguns anos depois obtive meu primeiro Campeão Nacional, Pega Lobo da Selva Morena, em 1984.
 

Outros animais também vindo deste cruzamento fizeram sucesso na época: Baviera da Selva Morena (Campeã Nacional Égua Jovem e de Marcha, 1986), Ribalta da Selva Morena (Grande Campeã do Estado de Minas Gerais, 1985) e Tira Prosa da Selva Morena (Grande Campeã da Raça e de Marcha da Especializada de Esteio/RS, 1987).

 

Alguns anos depois, buscando novos reprodutores para continuar os cruzamentos de minha criação, encontrei dentro de uma cocheira no Parque da Água Branca (São Paulo/SP), o cavalo Carvão LJ, que iria para remate naqueles dias. Simpatizei-me com o garanhão e resolvi comprá-lo. Utilizei-o por nove anos consecutivos, tendo este se revelado um excelente reprodutor, trazendo inúmeros campeões em todo Brasil, entre eles: Juventude, Faia, Supimpa, Almirante, Rainha, Cherimóia, inclusive a Atemóia, mãe do Campeão dos Campeões de Marcha 2006, Ariano da Selva Morena.

 

PRINCIPAIS REPRODUTORES

 

Atualmente os reprodutores que o criatório Selva Morena vem utilizando são: Acalá da Selva Morena, Acaiá da Selva Morena, Dólar da Selva Morena e Padrão da Selva Morena, todos eles com bons resultados.

 

O Acalá e Acaiá, com apenas três anos de reprodução, se tornaram Livro de Elite MM7, comprovando a boa qualidade de seus filhos, tais como Ariano, Rio Pardo, Sátira, Santa Fé, Jatiúca, Toada, Escócia, Moringa entre outros.

 

Utilizamos estes reprodutores em matrizes de diversas correntes de sangue, buscando sempre a melhoria e modernização de nosso plantel, mantendo, sobretudo, a caracterização tradicional do Mangalarga Mineiro.

 

BUSCA CONTÍNUA

 

Estou satisfeito com os resultados atingidos até o momento. Mesmo tendo 30 anos de criação ainda não atingi a minha meta. Estou em constante busca.

 

FATORES DE SUCESSO

 

O sucesso de uma criação é influenciado por diversos fatores, posso citar cinco que acredito serem fundamentais:

 

Conhecimento da raça: para um bom conhecimento da raça é importante que o criador seja observador, visite diversos criatórios e exposições, leia livros e revistas; enfim, estude! A melhor maneira do criador se manter atualizado é “viver a raça”.
 

Escolha adequada das matrizes: é importante, para a formação de uma criação de alta qualidade, se ter uma boa base de matrizes. Matrizes estas seguindo as linhagens, sangues, morfologia e andamento que se acredita serem ideais. Esta base servirá para os cruzamentos que devem ser direcionados, buscando o potencial máximo de cada animal.

 

Dedicação: os resultados, muitas vezes, não vêm a curto prazo. É importante ter paciência, perseverança e muita dedicação para conseguir passar pelas fases do ciclo de um animal, partindo desde a idealização de um cruzamento até o início dos resultados e, algumas vezes, é necessário corrigir os rumos.

 

Outros dois fatores que são importantes: o feeling e.. a sorte.

 

COMEÇAR CERTO

 

Quem está se iniciando na raça deve começar “certo”. É tudo! A escolha da linhagem e dos animais iniciais são muito importante.

Ser observador, bastante observador. Levar em consideração não só os resultados das exposições e os animais mais premiados.

Buscar sempre o equilíbrio nas características morfológicas e na qualidade de andamento, tentando separar o que é “modismo” do que é o “tradicional e bom Marchador”.

 

ALGUNS DESTAQUES DO CRIATÓRIO

 

Nesses 30 anos de criatório, tivemos a felicidade de conquistar diversas premiações com nossos animais em exposições por todo o Brasil, tais como:

 

Destacamos também: Faia da Selva Morena, País da Selva Morena, Sincera da Selva Morena e Escrava da Selva Morena.